Identificação por impressões digitais
- Elza Sarges
- 31 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de nov. de 2020

Cada pessoa tem sua própria impressão digital, nem mesmo irmãos gêmeos tem digitais iguais.
E cada vez mais estamos usando as digitais como segurança, por exemplo o simples ato de desbloquear o celular ou acessar sua conta no banco já depende delas.
Por serem únicas, as impressões digitais também são utilizadas para resolver crimes. Sendo assim, os peritos usam técnicas para encontrar as digitais e identificar o suspeito.
Impressões digitais na cena do crime
Para descobrir quem esteve na cena do crime, os peritos realizam o processo de identificação de impressões digitais, chamado de datiloscopia. Através dessa técnica é possível dizer quem esteve em contato com o objeto.
Por exemplo, uma faca usada no crime está sendo analisada, pois chamou a atenção do policial, para confirmar ou negar a participação do suspeito as digitais encontradas na faca serão comparadas com as digitais dos arquivos datiloscópicos.
É um trabalho que precisa de muita paciência e atenção, pois o desenho da impressão digital tem que ser o melhor possível. E para ter uma boa identificação foram desenvolvidos métodos para cada tipo de impressão digital.
Tipos de impressões digitais
As impressões digitais são classificadas por serem visíveis ou invisíveis e de acordo com a superfície que elas se encontram.

Técnica com Pós
Essa técnica utiliza um pincel macio para poder aplicar o pó fino no local a ser analisado. Ela identifica as impressões digitais deixadas até 48 horas depois, sendo eficientes em superfícies lisas e porosas.
O pó escolhido adere na gordura presente na impressão digital. Essa aderência acontece por causa das forças de Van der Waals e as Ligações de Hidrogênio.
Mas na hora de escolher o pó é preciso considerar características como cor, condição climática da superfície e se ela é lisa ou porosa, porque isso pode facilitar ou dificultar de visualizar a impressão digital.

Técnica do Nitrato de Prata
Essa técnica é feita através da reação do Nitrato de Prata e precisa ser fotografada rapidamente, porque após revelar a impressão digital as áreas vazias acabam reagindo com o composto, dificultando a visualização da digital.
O Nitrato de Prata entra em contato com os Cloretos contidos na digital e reage, formando como produto o Cloreto de Prata, um composto que quando é exposto a luz tem a coloração cinza-amarronzado, tornando a digital visível.

Nessa técnica o spray de Nitrato de prata é borrifado na superfície, após alguns minutos, a área é exposta a luz ou a uma lanterna aceleradora, para poder revelar a digital.
Técnica da Ninidrina

Em 1910, Siegfried Ruhemann descobriu acidentalmente que a Ninidrina em contato com a pele ficava da cor púrpura. Mas apenas em 1954 que o composto começou a ser usado para revelar as impressões digitais.
Essa técnica é ideal para superfícies porosas, principalmente o papel. A revelação da impressão digital pode demorar cerca de 10 dias após a aplicação em spray do produto, mas o calor e a umidade podem acelerar esse processo.
A digital só é revelada pela Ninidrina, porque o suor contido nas impressões digitais é composto por aminoácidos (cerca de 250 nanograma por digital) que reagem com a Ninidrina e adquirem a coloração púrpura. O produto dessa reação é chamado de "Púrpura de Ruhemann" em homenagem ao cientista.
Crianças não tem impressões digitais?

Em 1993, uma criança foi sequestrada nos EUA, porém ela conseguiu fugir e dias depois foi capaz de identificar o carro no qual ela tinha sido transportada. O carro foi recuperado e levado para que os peritos fizessem as análises.
Ao fazer as análises, os peritos não encontraram as digitais da criança, foi como se ela nunca tivesse entrado no carro. Mesmo os criminosos sendo condenados, testes com impressões digitais de crianças foram feitos para entender o porquê não foi possível identificá-las.
Os peritos começaram as pesquisas e usaram técnicas analíticas como cromatografia gasosa e espectrometria de massa para alcançarem seus resultados. Com isso, o estudo revelou que a massa molar da digital de uma criança é menor e tem cerca de 12 carbonos, enquanto a digital de um adulto tem massa molar maior e cerca de 32 átomos de carbono.
Além disso, o estudo também concluiu que as impressões digitais de crianças são mais voláteis, ou seja, passam do estado líquido para o vapor ou gasoso com mais facilidade. Sendo assim, a digital desaparece do ambiente quente em questão de horas.
Referências
CHEMELLO, Emiliano. Ciência forense: impressões digitais. Química Virtual, v. 1, 2006.
PEREIRA, Cinthia. A Utilização Da Química Forense Na Investigação Criminal. Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA. Assis, 2010. 52p.
Compound Interest. Crime Scene Chemistry – Fingerprint Detection. Compound Interest, 2016. Disponível em: <https://www.compoundchem.com/2016/07/26/fingerprints/> Acesso em: 28 de ago. de 2020.
A Simplified Guide to Fingerprint Analysis. Disponível em: <http://www.forensicsciencesimplified.org/prints/Fingerprints.pdf> Acesso em: 28 de ago. de 2020.
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